Há um conto muito triste que costumava habitar os antigos livros de fadas. Chamava-se A Menina que Vendia Fósforos.
Numa véspera de Natal, há muito tempo…
Nele, uma garota pobre andava pelas ruas cobertas de neve, tentando vender fósforos.
Era véspera de Natal.
E ela não tinha nada — nem sapatos, nem casaco quente, nem um lar que a esperasse.
Apenas seus fósforos.
E a esperança de, talvez, conseguir um pão.
As pessoas passavam apressadas. Algumas riam, outras cantavam.
Pelas janelas, ela via lareiras acesas, mesas fartas, luzes douradas e crianças brincando ao redor de árvores decoradas.
Mas ninguém a via.
Ela se sentou em um canto, entre dois prédios, com os pés roxos de frio.
Estava com medo de voltar para casa sem ter vendido nada.
Então… riscou um fósforo.
Por um instante, uma pequena chama aqueceu seus dedos.
E, na luz tênue, ela viu uma lareira acesa diante de si.
Sentiu o calor. Estendeu as mãos.
Mas a chama se apagou.
E a lareira sumiu.
Ela riscou outro — e viu uma mesa cheia de comida.
Depois outro — e viu uma árvore de Natal radiante.
Mas, assim que a chama morria, tudo desaparecia novamente.
Ela riscou outro… e outro…
E então, a avó…
A única que a havia amado de verdade.
Aquela que já havia partido.
Com medo de perdê-la também, a menina riscou todos os fósforos, um por um, para não deixá-la ir embora.
E ali, sentiu-se envolvida por calor e ternura.
Naquela noite gelada, ela adormeceu com um sorriso.
Na manhã seguinte, encontraram seu corpo encolhido na neve.
Os fósforos queimados estavam ao seu redor.
O rosto sereno. Os olhos fechados.
Dizem que morreu de frio.
Embora ninguém no mundo tenha notado, ela havia partido feliz, nos braços da avó, rumo a um lugar sem frio, sem fome, sem dor.
Onde há sempre pão, calor… e alguém que a espera.

Talvez o fogo real tivesse se apagado…
Mas o outro fogo — aquele que aquece por dentro — continuou aceso.
Num mundo tão apressado, é fácil esquecer que o calor mais verdadeiro nem sempre vem da lareira.
Às vezes, ele nasce em pequenos gestos, em lembranças queridas, em faíscas silenciosas de esperança.