As pessoas que escrevem poemas são aquelas que sentem demais; sentem tanto que, às vezes, precisam escrever para não se afogar em suas próprias emoções, ou usam isso como uma corda para se segurar nas últimas coisas boas que ainda iluminam um pouco as suas vidas. Esperam… não! Gritam silenciosamente em palavras frias que mal alcançam alguém; tristes e frustrantes linhas de palavras que não produzem ajuda. As minhas próprias palavras de salvação são frias aos meus ouvidos insensíveis.
Como é que o mundo pode ser tão injusto? Eu consigo levar palavras de consolo e de cuidado, mas sou surdo para minha própria voz. Por que tu, quadrúpede doente, nunca ficas curado? Que fardo repugnante é ser um curador ferido que nunca recebe palavras que lhe acalmem a alma!
Será que sou um louco igual aos meus sonhos que dizem: “É doido, não percebe que está preso em uma ilusão de sofrimentos e pensamentos suicidas.”? Me agarro às gentilezas e aos atos que posso fazer pelos outros, para provar a mim mesmo que eu tenho algum valor, para criar algo em que eu possa me segurar com todas as forças e não ceder à violenta destruição que me assola internamente.
Tento me segurar em coisas tão sólidas como o ar, que não balança nem os meus cabelos. Meus atos gentis são pedidos desesperados de socorro silencioso; meu corpo mostra sinais mais claros de algo que eu desejo esconder. Essa dor física não permite ser velada diante das pessoas com quem convivo. Irônico, não? O meu corpo é mais honesto e consegue transmitir muito melhor as coisas do que toda a minha intenção consciente.
Como eu saio desse mar de lama que dificulta os meus movimentos? Quando a cura virá? Quando uma estrela brilhará nesse céu negro, nesse quarto escuro?